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Criador da Lightning afirma que ameaça quântica ao Bitcoin é remota

A discussão sobre a ameaça dos computadores quânticos ao Bitcoin ainda é um tema que gera muitas dúvidas. Tadge Dryja, um especialista renomado e co-criador da Lightning Network, não acha que essa ruptura ocorra a curto prazo, mas acredita que ignorar a possibilidade não é uma opção. Ele ressaltou que, mesmo com a probabilidade de algo acontecer pode parecer pequena, a de 5% já é um alerta suficiente para começarmos a nos preparar.

Dryja compartilhou que o Bitcoin possui um nível de segurança maior comparado a outras tecnologias. Uma situação como “harvest now, decrypt later” – onde dados são coletados hoje para futuramente serem quebrados – não afeta tanto as criptomoedas. Isso porque, ao se descobrir a chave privada de alguém depois de muitos anos, as moedas provavelmente já foram transferidas, reduzindo a urgência do problema, ao contrário de e-mails seguros.

Atualmente, Dryja está em busca de soluções que permitam que a Lightning Network mantenha sua segurança mesmo com a evolução da computação quântica. Ele afirma que, tecnicamente, é viável criar uma versão da Lightning que resista a esse tipo de ameaça, embora isso possa vir com algumas limitações e desafios.

“Haverá um Lightning pós-quântico, mas talvez seja mais lento e menos funcional”, comentou. Uma das preocupações nessa transição envolve a adoção de PTLCs, contratos que melhoram o processo de pagamento na Lightning. Se for necessário migrar para assinaturas quânticas, a implementação de PTLCs pode se tornar inviável, o que seria uma pena, pois essas inovações trazem muitos benefícios.

Outro ponto que Dryja destacou é que o funcionamento da Lightning Network exige várias assinaturas repetidas, o que pode entrar em conflito com novos algoritmos quânticos. Ele e sua equipe estão colaborando com outros pesquisadores para adaptar a tecnologia da Lightning, que usa chaves de maneira diferente do Bitcoin tradicional.

Outras Vulnerabilidades e O Futuro da Lightning Network

Além das preocupações com a computação quântica, Dryja abordou questões mais imediatas que afetam a Lightning Network. Criada em 2015 para facilitar pagamentos instantâneos com Bitcoin, ele vê a rede como essencialmente segura quanto a roubo de fundos. Contudo, ela ainda é suscetível a outras formas de ataques, como os de negação de serviço, que podem comprometer a eficiência, ainda que não envolvam perda direta de dinheiro.

“Muitos ataques são voltados a fechar canais e gerar taxas desnecessárias, o que pode ser frustrante”, comentou. Intrigantemente, Dryja observou que a falta de atacantes realmente interessados em explorar as vulnerabilidades deixa a rede em uma posição mais frágil. Isso porque, com um ambiente cooperativo onde todos se consideram “amigos”, fica mais complicado testar como a rede se comportaria sob ataques mais sérios.

Outra questão considerada importante é o desafio de roteamento. Existe um dilema entre privacidade e eficiência na operação da rede. Apesar de a falta de conhecimento sobre os saldos nos canais garantir um nível maior de privacidade, isso dificulta o funcionamento adequado da Lightning. “Se soubéssemos mais sobre os saldos, seria mais fácil, mas muitos defendem a privacidade total, e isso cria um trade-off complicado,” explicou.

Dryja também comentou sobre algumas inovações que podem moldar o cenário do Bitcoin nos próximos anos. Projetos como Utreexo, com sua participação ativa, e outras iniciativas como BitVM3 e Ark, prometem tornar a rede ainda mais eficiente. Ele acredita que, em um futuro próximo, teremos muitas novidades que os usuários poderão notar, mesmo que indiretamente.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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